Hoje em dia, mesmo no seio das microempresas, é crescente a preocupação com questões relacionadas com a marca: qual o nome? O logotipo? As cores? Desde há muitos anos que tenho o gosto de acompanhar empreendedores e jovens empresas, os quais a maioria das vezes já têm um nome definido. Com frequência com base no nome dos promotores: os nomes em si, os nomes “traduzidos” para línguas estrangeiras, os nomes ao contrário, siglas (ups… aqui tenho “telhados de vidro”)… e umas quantas variantes mais ou menos criativas.

A estas abordagens, tenho sempre uma resposta “pronta”: a marca, por muito que doa, não é criada para o empreendedor. É criada para o mercado, para que os clientes (e potenciais clientes) entendam o posicionamento da marca/empresa e associem a mesma aos valores pretendidos. Exemplo simples: se queremos uma marca de luxo, é importante que use cores associadas a esse mercado, tais como o preto ou mesmo o roxo. Então, mas não é importante um empreendedor sentir-se confortável com a sua marca? Sim, é. Mas não é menos importante que a marca represente bem o que se pretende (!)

Então, e qual a relação entre o nome da empresa e a marca? Se quisermos (praticamente) nenhuma. Se olharmos com atenção para as faturas das lojas onde fazemos compras, dos restaurantes onde comemos, do local onde cortamos o cabelo, vemos que muitas vezes surgem nomes (designam-se por “firmas”, na realidade) estranhos, que em nada têm a ver com a marca. Sim, é possível surgirmos no mercado com uma determinada marca – registada, sempre que possível, pelos motivos óbvios – e a empresa ter uma firma (um nome) diferente, que terá que surgir obrigatoriamente nos documentos contabilísticos e outros de índole oficial, tais como contratos e afins. Mas não na comunicação direta com o mercado.

A este nível, não poderia deixar de prestar a minha homenagem aos criativos que “inventam” os nomes constantes na famosa listagem de firmas pré-aprovadas na Empresa na Hora. A título de exemplo, fiz uma breve pesquisa a 25-02-2019 e, na letra C, surgem coisas tão fantásticas quanto:

  • CARDUME D’AFETOS
  • CARMIM JANOTA
  • COLOSSAL E CRISTALINO
  • CORAÇÃO OPINATIVO
  • CÚPIDO REBELDE
  • CURIOUS CORNUCÓPIA

Espetacular, não é? Não, não é obrigado a adotar um destes nomes fantásticos. Por 75 euros, algum exercício de pesquisa (para que não “peça” nomes de empresas que já estejam registados em relação ao seu objeto de negócio) e o preenchimento de um impresso, poderá dar-se ao luxo de escolher um nome da sua preferência.

Vale a pena, não? Nada contra os senhores que fazem pacientemente a lista de firmas da Empresa na Hora, claro. 🙂

Publicado originalmente no blog Ponto TGA